quinta-feira, 22 de julho de 2010

Caio Fernando Abreu em Luiz Fernando Porto

O Primeiro contato com o Caio foi assistindo um espetáculo feito pela cia Luna lunera onde adaptaram para a linguagem teatral o conto "Aqueles dois" Obra de Caio. No decorrer do espetáculo eu pasmo ao lado de Taiza Gama, escritora, advogada, atriz, artesã, formando em letras e português e até então minha namorada e amiga, ali sentada quieta vendo a beleza da história e o brilho que saltava dos meu olhos, ela notará uma ideia vindo em mim. Um contentamento contente de estar ali com ela naquela noite assistindo coisa tão exitante com a beleza e o naturalismo da exitação. Aquela peça me tocou em imediato como ator, espectador, mas muito mais como leitor. Resalto também a interpretação dos atores da cia que conseguiram de forma lúdica e natural transpor os sentimentos abordados no conto.
Daí endiante apaixonei-me pelo Caio e venho aqui transpor como os atores do espetáculo a minha admiração e porque não a ponta de um amor que hoje tenho pelo escritor.

"Fico quieto. Primeiro que paixão deve ser coisa discreta, calada, centrada. Se você começa a espalhar aos sete ventos, crau, dá errado. Isso porque ao contar a gente tem a tendência a, digamos, “embonitar” a coisa, e portanto distanciar-se dela, apaixonando-se mais pelo supor-se apaixonado do que pelo objeto da paixão propriamente dito. Sei que é complicado, mas contar falsifica, é isso que quero dizer — e pensando mais longe, por isso mesmo literatura é sempre fraude. Quanto mais não-dita, melhor a paixão. Melhor, claro, em certo sentido que signifícatambém o pior: as mais nobres paixões são também as mais cadelas, como aquelas que enlouqueceram Adele H., levaram Oscar Wilde para a prisão ou fizeram a divina Vera Fischer ser queimada feito Joana d’Arc por não ser uma funcionária pública exemplar.
E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo, No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também."

"Os homens precisam da ilusão do amor da mesma forma que precisam da ilusão de Deus. Da ilusão do amor para não afundarem no poço horrível da solidão absoluta; da ilusão de Deus, para não se perderem no caos da desordem sem nexo."


Salve... Salve... Caio Fernando Abreu!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O blá blá blá rotineiro...

Ultimamente tenho escutado muitas asneiras. Asneiras de todo tipo. Tenho visto coisas absurdas envolvendo pessoas lidando com pessoas, seres humanos cada vez menos capacitados de carregar o posto de ser humano, posto esse que não serve pra porra nenhuma.

Na TV, aquela caixinha encima da estante, um blá blá blá tremendo. Por favor!!! Tirem o Faustão do ar, acabem com o Super Pop, Mediquem o Silvio Santos... Lotem o stand up do SERGINHO MALANDRO!
As asneiras inteligentes me interessam, aquelas que ponhe você num estado de alteração e se permitir de se próprio perguntar como uma pessoa é capaz de tal sagacidade. Eu Amo o Paulo Maluf. Maluf é como um camundongo, tem várias entradas, saídas, tantas tocas, viadutos, pontes e se tem uma brecha ele entra e só sai com o rabo cheio, já ratazana arrotando cifrões na cara de todos.
Outra personalidade da asneira que admiro e respeito muito é o BARÃO DE ARARUNA. Também pudera, se eu não lhe respeitasse ele botaria o feitor de boca torta chamado Bruno para me matar. O Barão é uma pessoa engraçadíssima. Ele tem umas perólas, umas frases de tirar o riso.

- Vá para os diabos e me deixe dormir em paz! (Para Candida)
- Você é um trouxa, sempre foi um trouxa, vai ser sempre um trouxa e esta aqui com cara de truxa me pedindo favores! ( Para Coltinho)
- Respeite a minha casa. Ela não é o antro de balburdias que o amigo está acustumado a frequentar! ( Para Martinho)

Como se pode ver, o Barão sempre estar num estado de estremo Bom humor e educação tanto para Candida, sua esposa, quanto para Bastião, o negrinho empregado de sua fazenda. É engraçado... Até serto ponto... Quando é só ficção... Mentira... Não é só ficção.

Hoje ainda vivemos o CORONELISMO, linhas de trasporte público, Vans, Jogo do Bicho! iiiiiii... Já não é mais engraçado! Tocou no meu bolso.
Daqui a pouco começa o horário político! Fudeu. Deixem o Faustão no ar, Queremos reprise do Super Pop, Dêem um baseado para o Silvio! Eu quero Hebe... Eu quero Hebe...


Quanta besteira meu Deus!
Quanta besteira....

sexta-feira, 16 de julho de 2010

1 Milhão... E eu aqui Fudido!

Nos metros por metros de gramado Sul Africano os representantes "fotibolísticos" de cada país concorrem jogo a jogo por um lugar ao sol, ou melhor na final da Copa do Mundo. O mundo para fixando os olhos já cegos na TV para acompanhar os marmanjos correndo atrás da Jabulani. Sabemos nós que ja vinhamos a tempos tomando chutes e ponta pés em nossas Jabulanis sem querer notar que ela esta avermelhada e dolorida. Não querendo desmerecer a beleza do festival findado.
Para o Brasil, a Copa do mundo veio em bom tempo. O povo brasileiro estava com tesão reprimido e precisava gozar por alguns dias. Confeço que fiquei um pouco triste com a eliminação do país na copa, não pelo título, mas sim pelos fériados decretados no meio da semana. O Brasil tem que parar de achar que é favorito em tudo! Tem que virar do avesso e olhar para o próprio rabo. O descontrole dos jogadores na competição deixa bem claro o descontrole do povo brasileiro, tanto a falta de educação do Zangado, Opa! Digo, Dunga para com os jornalistas, e o pisão covarde do jogador no adversário. E olha que nem precisamos falar dos acontecimentos envolvendo atletas aqui dentro do nosso país, se nós começássemos a falar daria para escrever uma temporada inteira de CSI Miami
Essa eliminação veio de bom grado para o povo se ligar que é ano de eleição, bem atentos! "Uê, esse ano é ano de eleição? Não me meto em política" Acontece minha cara disconhecida, que tudo o que a senhorita fizer é política, da comida que você come até a meia que você veste. Mas o Big Brother Todo mundo sabe, aquela cela que ponhe seres humanos feito ratos em cobaia descubrindo o que eles são capazes de fazer para aparecer! ELE TA LÁ COM UM MILHÃO E EU ESTOU AQUI FUDIDO SEM SABER EM QUEM VOTAR.... ACORDA!
A realidade da população brasileira é uma vergonha incalculável. Eu como parte da população de minha cidade, estado e país já passamos por alguma forma de violência, humilhação, de desencanto é credo pelo ser humano. Esse desencanto não é culpa nossa, essa falta de credo foi empurrado por nossas goelas abaixo onde sofremos de regurjitação a anos.

Eu, Fernando Porto, sofri uma violência a alguns meses quando saia do termino de um espetáculo onde eu fazia parte do elenco no teatro do Sesc SG. Continuando o ocorrido, estava eu andando pelas ruas de São Gonçalo quando fui abordado de maneira gentil e educado por alguns rapazes armados com suas pistolas apontadas para o meu peito, levaram minha mala com todos os meus pertences do espetáculo, mais o meu Ipod com textos e documentos teatraes. Isso foi o de menos, acho eu. O mais importante, levaram a confiança que eu tinha no peito, o mesmo peito apontado por um cano prestes a estourar, (Confeço que é barra pesada estar na corda bamba sambando a música daquele cara que já não tinha nada a perder).
Talvez tenha sido falta de prudência de minha parte, ou confiança demais não sei em que ou quem. Os moradores do local sabe que isso já vem acontecendo faz tempo e ninguém faz absolutamente nada por essa gente do lado de lá que também é agente do lado daqui. MAS COMO NOS TEMPOS DE CRISTO, QUEM É PRA NOS PROTEGER, NOS TRAI POR MÍSERAS MOEDAS.
E como nesse "Mundo cão sarnento" uma pessoa não pode ser de bem sem ter sido vitima de uma violência, aqui estou eu, um brasileiro carioca gonçalence de bem.
Pra falta de sorte de meus inimigos felizmente sai ileso, não conseguiram levar a minha inteligência a minha vontade de viver, não conseguiram espantar a vontade que tenho de mudar seja o que for em alguma coisa. Não é Revolução... Eu não quero revolução, não quero... Escutei um dia na cena ATOR EMPAREDADO DE REYNALDO DUTRAN a seguinte frase:" A REVOLUÇÃO É MUITO ROMÂNTICA ATÉ A SUA MULHER SER ABERTA DA CABEÇA AOS PÉS E ESTRUPADA NA SUA FRENTE PRA VOCÊ VER." Mesmo assim não podemos ficar calados e esperar que eles lá tirem a bunda da cadeira.
A minha preocupação e revolta não é só pelo o que aconteceu comigo, perto das coisas quem vem acontecendo, o meu ocorrido é gão de milho. Acontece que o mundo está ao contrário e o próprio mundo não reparou, está na hora de se tocar e parar de bater boca no sinal como umas velhas faladeiras. Existem crianças com fome, trabalho escravo... Trabalho escravo, é difícil de acreditar.

Ô PANISSET! Ô SERGIO CABRAL! Ô JOSÉ MARIANO BELTRAME! Ô PAULO STORANI! Ô LUIS INÁCIO LULA DA SILVA! O povo que educação, arte, cultura e informação, segurança para ir e vir, e sobre tudo respeito, algo pra comer. E eu repito, ouviram: Educação, arte, cultura e informação.
Isso não é um aviso, não é um conselho, sequer uma cena teatral. É apenas um desabafo com o intuito de alertar alguém, quem sabe você, amigo(a) leitor.

Cuidem-se.
Fernando Porto

Testamento...

Quando eu morrer, de preferencia numa noite fria e sem lua, leve-me para tomar o ultimo dos mundanos porres. Para que ninha alma ou o que restar dele vá embora marginalizada por aqueles que não bebem, e o meu corpo elegante, vestido com trages de gala roubados da burguesia, exalando o perfume do álcool seja cremada com mais velocidade.
Na noite em que eu morrer mostre-me os lugares que sempre temi: o fim, o inferno do mundo, o fundo do mar, mas também traga-me a festa e os loucos do manicomio, os convidados e os penetras. Convenhamos que festa sem loucos e penetras não há graça nenhuma.
Preparem os poemas, as performaces, as velas e músicas como numa festa tavernista dionisíaca, preparem-me um banho quente e não se esqueçam da fogueira, a fogueira em que meu corpo travestido de burgués jazirá sorridente dizendo Adeus para as mulheres que nunca tive, e para aquelas que tive, mas que nunca foram minhas.
Doem meus poemas de amor para as moças que sofrem por nunca terem sido amadas, os poemas que restarem colem nos postes, no asfalto quente, nos portões pela cidade. Ai talvez as pessoas tomem conhecimento das besteiras que escrevia.
Presenteie a mendiga Neuza com meus ôculos, meu chapéu e o que sobrar de minhas roupas e bebidas.
Os livros e discos... Deixem no mesmo lugar, pois quem sabe eu volte para folear um romance e escutar uma canção antiga.
Por favor... Imploro... Varejem o meu aparelho celular bem longe. Demorei tanto pra comprá-lo e quando comprei compreendi porque demorei tanto para comprá-lo.

Doem os meus orgãos para que eu vire distintas vidas pelo mundo. Guarde apenas o meu crânio para que finalmente eu possa atuar em Hamlet. E o resto cremem sem dor e piedade na fogueira. Minha fumaça vire nuvens e eu possa andar por ai sem pecado, sem ter que pagar passagem, tarifas e hospedagem.
Metade de minhas cinzas joguem no mar, para que eu sirva de alimento aos peixes e vire lendas contadas por velhos pescadores enrugados, e o que sobrar delas, misturem na sopa de meus inimigos para que eles me carreguem pelo resto de suas vidas sentindo as narinas entupidas pelo meu corpo reduzido a pó.
Na noite em que eu morrer festejem comigo o meu fim...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Notas do Autor

"Por aqui eu encontro meus amigos, sinto o mundo, espanto demônios, seduzo a vida. Onde eu invento uma saudade, uma tragédia mentira ou romance. É aqui onde escrevo cartas para os meus recentes velhos amigos desconhecidos, o público."

Jardim {Encarcerado}

O vento corre no asfalto invadindo o quintal e levando como um salto circense as folhas, de mangueira, secas caídas no chão. A melodia melancólica que o vento assobia transparece o real desenho das tardes do outono.
As lembranças até então caladas nesse jardim encarcerado chamado: passado, mas um jardim bem cuidado e revivido em muitos certos pontos da vida.

O céu cinza, as avenidas molhadas pelo sereno escorrendo dos olhos do azul encoberto pelas nuvens carregadas. Os pássaros se recolhem e aproveitam o tempo frio para namorar e cantar baixinho um para o outro. As rosas ainda enrodilhadas lamentam a profunda ausência do beija flor.
Nesse jardim encontra-se as lembranças boas e ruins levadas por essa existência. Momentos, ficção e rascunhos de vidas vividas. Não se assuste com o abandono bem cuidado desse parque acabado pelo tempo que é minha mente inundada de lembranças de um poeta atormentado pelo amor ao próximo.
Não se assuste com as folhas secas, caídas e abandonadas pela árvore. Não tenha pena dessa árvore, pois ela é o real significado de nossa memória falha e cega, drogada por calmantes no intuito de esquecer. Ai então as memórias vão caindo, mortas e secas como as folhas no outono. O cheiro do café mistura-se com o perfume vindo não sei de onde, um perfume doce que lembra saudade. Está ai. O real desenho das tarde de outono.
A saudade e a lembrança... A lembrança é triste só pelo fato de ser lembrança, passado e não o aqui agora, presente. O presente do outono e calmo e pesado, tão calmo e pesado que preferirmos as lembranças. Lembranças daquele verão, da primavera, do inverno a dois. O outono está condenado por sua fisionomia triste a ser a estação da solidão encontrada da melodia das canções melancólicas.

Aqui a vida não é jogada fora, não é desperdiçadas. As lembranças, não são apenas lembranças e sim canções que se repetem. Não tentamos entender nada, nem ao menos o que se passa aqui, embora as pessoas tentem apagar...
Temos os vestígios do passado, vivemos o presente e tentamos nos preparar para um suposto futuro desejado. Seja o que Deus quiser... Ou melhor, o que nós preferirmos.
E lembrem-se. Se houver alguma afinidade emocional ou racional com os fatos aqui apresentados, é mera coincidência ou fruto de sua lembrança imaginaria viva.