quinta-feira, 15 de julho de 2010

O {Cárcere}

A rua está deserta, o carro preto espreita devagar. A luz do poste apaga e alguém grita no breu: O fredy vai te pegar! O risco da navalha afiada, escuta-se o desenho do corte fundo horizontal feito na carne. O grito da tortura trinca o vidro das janelas do carro eleitoral. Os alarmes soam sem parar. (Prefeito! Senador! Deputado federal!)
A luz do poste acende, a navalha sussurra. Não há mendigos, bêbados, putas e nem cachorros de rua. O respingo vermelho no asfalto santo. Quem não obedece sofre na pele o toque de recolher as 10 e ponto em cada becos escuro, vielas apertadas, ruas mal pavimentadas e o vestido vermelho só de batuca. Mas quando o bicho pega eu não vou pra Barra da Tijuca. Eu to cansado de ver meu povo engolindo o choro, cada grito abafado por almofadas, cada olhar desanimado e encurralado por aqueles que não fazem nada. Sapatos engraxados, terno, gravata e a cara maquiada... Assim é mole! Quero ver Botar o velho boné. O chinelo de dedo e a velha camiseta furada... Eu to cansado de uma de babaca... Eu to cansado de da uma de babaca.

O FAMOSO MENINO ANONIMO


O grito doloroso fez desabar o calendário. Furos de bala na maquiagem do artista pintado no muro Chapiscado. O grito oco de dor sai do bueiro escuro como um bafo quente explanando as escondidas dentro dele. Shopping Center dos ratos engravatados. A fumaça cheira a óleo, o rastro vai viela abaixo... Caldo preto multicor. No carburador empoeirado o sentinela bem cuidado canta um samba no pneu. A poeira subiu... Ninguém viu... Mas tudo se percebeu. A rua deserta de mira incerta do radiador que ferveu. O sangue subiu... O peito explodiu... Foi quem que perdeu... Desaba uma família carente. Uniformizado de escola secundaria com fome, sem lente e sem dente. Voltava pra casa cantando o hino do flamengo não fazia mal a ninguém, seu apelido: Menino Dengo.
Preto,Carente é bandido, ja é natural

Isso acontece muito, mas acontece que ninguém sabe que acontece, pois não acontece no Jornal Noacional.

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